A equivalência entre pobreza e periculosidade é uma crença tão comum como errada. uma observação pertinente é que são os indivíduos de menor renda anual que são as vítimas mais freqüentes de crimes violentos. Um estudo sobre o uso de armas de fogo feito por Tulio Kahn afirma que "as maiores vítimas das armas de fogo, são os homens, jovens, e pobres, moradores da periferia." Esse tipo de violência vem de uma falta de recursos para oferecer oportunidades para que todos tenham uma vida digna sem envolver-se no mundo do crime. Porém, a solução desse problema da violência não é acabar com as favelas, pois elas não são as causas do problema, mas são produtos de um problema maior fundamental da sociedade. Dizer que as favelas prejudicam a segurança pública é uma mera inversão do problema real.
A propensão de estigmatizar os pobres é presente no mundo todo e permite que a grande população vivendo em pobreza e miséria permaneça marginalizada. É importante desconstruir esse discurso e reconhecer a verdadeira raiz da pobreza para poder diminui-la.
Vejamos então como e por que as favelas nascem.
O “seu” Pedro e a dona Antônia viviam no sertão nordestino numa cidadezinha que nem lembro o nome. Longe de tudo, numa casinha a beira da estrada poeirenta, onde passava um carro por semana. Parece que lá o tempo nao passava. Todos os dias o “seu” Pedro pegava a enxada e ia para a roça pedindo a Deus que mandasse chuva pois as crianças em casa precisavam comer. No sol escaldante o seu Pedro arava a terra e depois plantava as poucas sementes que ele conseguia na cidade. Dinheiro era coisa que as crianças nunca viram. Dona Antônia varria o chão batido da sua casinha fazendo o melhor que podia. Depois do almoço, Um feijãozinho aguado com farinha, todos estavam prontos para sentar em volta da rede onde dona Antônia ensinava para as crianças as poucas letras que ela havia aprendido com a sua mãe.
Todos os dias os seus 5 filhos aprendiam alguma coisa nova e com os olhinhos arregalados cheios de curiosidade e imaginação perguntavam para a mãe se seria bom morar numa cidade onde viviam mais gente.
Dona Antônia também se fazia a mesma pergunta.
Nesta mesma tarde seu Pedro voltou desanimado e cansado da roca e dona Antônia aproveitou para falar sobre o que as crianças haviam indagado.
A noite chegou e com ela os mesmos pensamentos do casal.
Será que algum dia nossos filhos terão uma vida melhor do que a nossa?
Nessa noite os dois decidiram que era hora de mudar. Resolveram então partir para a tão falada cidade grande onde todos tem trabalho, casa e boa comida.
Pela manha seu Pedro foi ate a cidadezinha mais próxima e negociou a sua casinha. Nao era grande coisa mas era tudo que ele possuía.Então depois de alguns dias ele, a dona Antônia e os 5 filhos partiram para São Paulo. Um choque muito grande para todos, afinal aquela selva de pedra era um mundo estranho para eles. seu Pedro tinha um numero de telefone que um amigo lhe deu dizendo para ligar quando chegasse em São Paulo.
Cheios de esperança, “seu” Pedro e dona Antônia foram dar com uma favela. Fizeram alguns amigos que como eles tinham vindo de situações semelhantes. Depois de algum tempo e muitas dificuldades, conseguiram se estabilizar num pequeno barraco. de um quarto, cozinha e um banheiro precário. As crianças se adaptaram rapidamente. Começaram a freqüentar a escola. dona Antônia conseguiu um emprego de domestica e o “seu” Pedro foi para a construção.
E todas as noites quando voltava para casa sentava na frente do barraco e dizia para a dona Antônia:
Que saudade da nossa casinha! La a gente era livre. só nao sabia.
Se o “seu” Pedro soubesse, se alguém se importasse com ele, sua vida e a de sua família poderia ser diferente.
O governo brasileiro gasta milhoes de dolares com sabe-se la o que, por que nao desenvolver um projeto como este e manter as pessoas nos seus lugares de origem?
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O mais difícil nesta construção e a vontade politica!
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